A sociedade, se se pretende
democrática, precisa ter coragem de reconstruir a educação pública e não mais
brincar de batata-quente com os problemas da criança e do adolescente. A gestão
pública é uma máquina pesada, com muita gente em desvio de função para
fiscalizar e mandar fazer e poucos estão na linha de frente da educação para
uma ação real e efetiva atendendo os jovens e suas famílias. As inchadas
máquinas administrativas de todas as esferas precisam atender às necessidades
das crianças e dos adolescentes, para que deixem de ser clientela de problemas
sociais (que sempre existiram) e voltem a ser “estudantes”.
paideia brasileira
em busca da transformação
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
O foco no desvio faz perder o caminho
Enquanto o foco continuar sendo a exceção ou o
desvio, continuaremos a perder o caminho. Quem fica paralisado explicando o porquê
do desvio esquece-se de caminhar. A visão assistencialista de Estado promove
cursos e intermináveis reuniões para justificar o erro, já que não dá conta de gastar
corretamente o dinheiro do contribuinte para melhorar a qualidade da educação. É
um círculo vicioso: problema -> reunião -> dinheiro gasto em falação
-> falta de dinheiro para equipar a escola -> problema piorado. Reuniões
de cúpula e protocolos para a imprensa são inúteis se não houver disposição de dar
sequência às bandeiras levantadas.
A praxe de ignorar o professor e a sala de aula
Os gestores da educação, os detentores de mandatos
e cargos públicos, os juizados, as promotorias, os conselhos tutelares, a
imprensa e os profissionais de serviço social e psicologia, precisam dar
mostras que conhecem a escola de perto e que existem para proteger também o
direito das maiorias. Só assim pode-se dizer que estão protegendo a criança e o adolescente dignos.
Professor que fica administrando conflitos com constância não tem tempo nem
equilíbrio para ensinar.
Assistencialismo X mercado
Implantados, os planos
educacionais não são mais discutidos, nem reavaliados com regularidade e acabam
sendo enterrados numa vala comum. E a educação nunca se ressentiu tanto da
falta de uma diretriz séria que dê conta de vencer esse caos pós-moderno. Não
há coerência entre os planos e as ações de governo para o setor. Propõe-se um
tipo de educação assistencialista e cobram-se resultados práticos que atendam
às exigências do mercado. O setor nunca precisou tanto de gestores com uma
sólida cultura humanista para conduzirem a educação com seriedade e democracia.
E assim, aventuras e mais aventuras pedagógicas são experimentadas a cada troca
de governo ou de gestor, a ferro e fogo pelos detentores de cargos e funções de
confiança.
O descompasso entre gestão e objeto
A formulação dos planos
oficiais que orientam as políticas para o setor apresentam todos os problemas
possíveis. Ora são ditados pelo FMI, ora por uma visão assistencialista do
estado, ou ainda por comissões que fugiram da sala de aula há muito tempo.
Quando apenas esboçados são implantados como panaceia pelos vários escalões dos
governos, ávidos por inaugurarem qualquer banalidade que impressione pelo
bombardeio da grande mídia. Quase sempre são planos que se amparam teoricamente
nas vertentes acadêmicas da moda e que trabalham com referências de uma escola
que não existe mais.
Em suma, começam ignorando a
sala de aula; começam falidos.
Educação: não há vagas para capatazes!
Se uma
empresa não é produtiva e lucrativa, qual teórico da economia ousaria colocar a
culpa exclusivamente na linha de produção? É uma questão ridícula, diriam. Mas
é o que acontece na educação. A educação segue caminhos pautados pela
orientação canhestra de uma política nociva para o setor e, quando aparecem os
resultados indesejados, eles são terceirizados para o professor que nunca é
ouvido nas decisões importantes. Desencontro instalado é preciso encontrar
capatazes que administrem o conflito.
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